“No estado de degradação em que se encontrava, a ponte estava a causar um sentimento de insegurança às pessoas que a atravessavam, sobretudo muitos peregrinos que percorrem o Caminho Português da Costa, até Santiago de Compostela, na Galiza”, explicou o presidente da União de Freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão, Diogo Mota.

A recuperação da travessia constituía uma “prioridade” para aquelas aldeias do concelho de Valença, no distrito de Viana do Castelo, pois permite a circulação em segurança de todos os peregrinos que por lá atravessam.

A obra que teve um custo de 10 mil euros visou “devolver a dignidade e imponência original à ponte, garantir condições de segurança a quem a atravessa e dinamizar o Caminho Português da Costa, até à capital da Galiza, Santiago de Compostela”.

Diogo Mota acrescentou que a “ponte tem sido alvo de sistemáticos atos de vandalismo que danificaram as guardas da ponte, sendo que algumas foram retiradas do seu local original”.

“Algumas vezes eram atiradas ao rio. Não é possível garantir que com esta intervenção não voltem a repetir-se atos de vandalismo, mas com os materiais utilizados não será tão fácil derrubar as pedras”, avançou.

Segundo o portal oficial de turismo de Valença “a construção romana medieval sobre o ribeiro da Mira, com um tabuleiro de três metros, em cavalete, integrava a via romana ‘per loca marítima’ e a estrada medieval para Valença”

“Até meados do último século faziam-se naquela ponte os batismos da meia-noite, um ritual de fertilidade com origens pré-cristãs”, refere o portal.

A intervenção, iniciada em abril ficou concluída na última sexta-feira e, incluiu o “reposicionamento das guardas da ponte, bem como a estabilização de algumas lajes suporte”.

“Todas as juntas foram picadas e retificadas com argamassa própria. Na base da ponte foram retificados e reforçados os muretes / contrafortes de estabilização da estrutura. Toda a área envolvente mereceu uma intervenção de limpeza de fundo”, adiantou Diogo Mota,

A empreitada, “realizada por uma empresa local”, contou com o acompanhamento de técnicos da Direção-Geral da Cultura do Norte (DRCN) e dos serviços de arqueologia da Câmara de Valença.

A ponte da Veiga da Mira, sobre o regato de Cerdal, que vai desaguar ao rio Minho, faz a ligação de São Pedro da Torre a Cristelo Covo, e é ponto de passagem da ecopista, que segue ao longo do rio internacional, fronteira natural entre o Alto Minho e a Galiza, e do percurso do Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela.

A ponte “é uma referência das freguesias de Valença, Cristelo Covo e Arão e São Pedro da Torre e até do próprio concelho, pelo seu elevado valor patrimonial e de identidade cultural, tratando-se de um exemplar único de engenharia, do período medieval”.