“Entre 2015 e 2021, os salários estatutários dos professores do ensino secundário em Portugal aumentaram 3%, menos do que a média dos países da OCDE (6%)”, refere o relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “Education at a Glance 2022”, divulgado no dia 3 de outubro.

No entanto, os professores que dão aulas no ensino básico “ganham 33% mais do que outros trabalhadores com formação superior”, o que faz de Portugal "um dos poucos países onde os salários médios reais dos professores continuam a ser superiores aos rendimentos dos trabalhadores com formação superior”, destaca o “Education at a Glance 2022”.

E para esta afirmação, a OCDE apresenta uma justificação apontando a classe docente em Portugal como experiente e envelhecida, uma vez que 88% dos professores que ainda trabalham têm um mestrado ou uma qualificação superior, sendo que quase metade (45%) tem mais de 50 anos.

Por sua vez, uma classe envelhecida tem muitos docentes próximos do topo da sua carreira docente, conseguindo “os melhores salários da sua carreira”.

Ao contrário do que se passa na maioria dos países da OCDE, em Portugal os salários dos professores não aumentam consoante o nível de ensino onde dão aulas, mas sim com os anos de serviço, pelo que a tabela de 10 escalões é igual para todos os docentes, quer sejam professores do 1.º ano ou do secundário.

Fazendo a comparação, isto significa uma diferença média salarial superior a 10 mil euros em alguns casos, quando comparado com os restantes países da OCDE. A título de exemplo, os professores da OCDE do pré-escolar recebem anualmente 43 mil euros e os do secundário 55 mil - em Portugal, “os salários reais médios são de 53.441 euros no pré-escolar e de 51.500 no secundário”.

Também em Portugal os salários dos diretores escolares são muito mais elevados do que os salários de outros trabalhadores com a mesma formação superior. “Isto é semelhante à maioria dos países da OCDE, onde os chefes escolares tendem a ganhar bem acima da média dos rendimentos dos trabalhadores com educação superior”, lê-se no relatório.