Através da análise dos valores de dióxido de azoto (N02) e de partículas suspensas PM10, foi possível concluir que, em certas zonas da cidade de Lisboa, os níveis excedem os parametros aceites, segundo um estudo hoje divulgado.


“O terminal de cruzeiros em Santa Apolónia, tal como as ciclovias em certas artérias da capital, são áreas com níveis de poluição elevados e prejudiciais à saúde. A investigação em curso corrobora, na sequência de estudos anteriores, o trânsito elevado e o transporte marítimo como fatores determinantes nas situações de poluição registadas no concelho de Lisboa”, pode ler-se na nota.


No que diz respeito ao dióxido de azoto, os investigadores constataram que, no período de análise, os valores na cidade de Lisboa foram, em termos médios, de 71,08 μg/m3, “bem acima do patamar definido pela OMS”, que é de 10 μg/m3, neste sentido a Calçada de Carriche (Lumiar), a Alameda da Encarnação, a Avenida 24 de Julho e a Avenida Infante Dom Henrique, em Santa Apolónia, foram as zonas que apresentaram níveis de poluição mais elevados por dióxido de azoto.


Já no que diz respeito à concentração de partículas suspensas PM10, os níveis mais preocupantes foram detetados na Calçada da Ajuda, Rua dos Sapadores (Graça), Avenida Fontes Pereira de Melo, Avenida Alfredo Doutor Bensaúde (Olivais) e Calçada de Carriche.


Quanto às causas para os níveis de poluição, estas incluem o trânsito e o transporte marítimo são apontados como possíveis causas para os níveis de poluição ultrapassarem os parâmetros estabelecidos pela OMS.


Além destes fatores, o estudo aponta também para questões como o aquecimento residencial e comercial, a construção e a indústria como elementos poluidores, além de “fenómenos naturais como o transporte de poeiras do deserto do Saara”.


Estes níveis de poluição podem ter efeitos negativos na saúde dos habitantes da capital, pois “a exposição ao dióxido de azoto e às partículas PM10 aumenta o risco de doenças crónicas, como infeções respiratórias agudas, doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crónica e cancro do pulmão".


Os dados para este estudo, desenvolvido por investigadores dos centros de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-Iscte), Investigação em Ciências da Informação, Tecnologias e Arquitetura (ISTAR-IUL) e Recursos Naturais e Ambiente (CERENA), foram recolhidos por 80 sensores, entre agosto de 2021 e julho deste ano.