Baseio-me aqui em vários relatórios nacionais e internacionais publicados nas últimas semanas, e em especial após o rescaldo das últimas eleições em Portugal que traçam um pouco o destino político do país para os próximos anos.

Em 2023, o mercado imobiliário português sofreu alterações significativas. Após a pandemia, existiu um aumento no interesse por imóveis, gerando um mercado competitivo. No entanto, as vendas imobiliárias em Portugal abrandaram.

À incerteza juntaram-se as questões económicas e políticas globais, a inflação elevada, as taxas de juro elevadas, o aumento dos custos de construção e a escassez de imóveis. Por isso o mercado imobiliário registou um declínio na sua atividade, menos casas vendidas e aumento da concorrência em países que ainda oferecem os Visto de Investimento e formas de arrendamento sem limitações.

As empresas de construção, os promotores e os proprietários não desaceleraram a subida dos preços, porque a oferta de habitação continua limitada, e muito por questões de licenciamento, não dando saída á necessidade da população e do mercado imobiliário em si.

Mas para os investidores, o manifestado interesse do estrangeiro em imóveis em solo português é e continua a ser uma opção viável a longo prazo.

As medidas governamentais, como o fim do programa Golden Visa e a redução dos incentivos fiscais para novos residentes, refletem uma grande preocupação para os profissionais do ramo. Mas a escassez de casas comparado com a procura foi um dos catalisadores para a subida dos preços das casas, posicionou assim o mercado imobiliário português para compradores estrangeiros, ao lado de regiões e cidades como Milão, Madrid e Berlim.

O setor imobiliário português demonstrou resiliência, ao abrandar menos do que o previsto e a subir menos nos preços da habitação do que se esperava no início deste Ano 2024. Parece-me que não vamos ter de novo resultados de recorde em 2024, mas acredito que a procura internacional não vai abrandar. Por isso e pelas questões inerentes da falta de habitação em Portugal, acho que a política de atração de capital estrangeiro para Portugal e respetivos vistos de investimento devem ter essa meta em atenção. Criando Fundos de Investimento Imobiliário com o objetivo de criar habitação para terceiros, apoiado por políticas fiscais que atraem grandes Fundos internacionais que já operam nessa vertente de negócios seria a chave para a resolução do problema de habitação, basta dar uma olhadela para os mercados alemães e belgas para saber como bem funciona a décadas este modelo.

Apesar disso, prevejo um abrandamento significativo em 2024 no mercado residencial nacional, e por isso é da maior importância que nos adaptemos à evolução das circunstâncias do mercado imobiliário em Portugal.

Quer seja eu um investidor, um proprietário de uma empresa ou mesmo o comprador de uma casa, preciso de ter conhecimento dos indicadores económicos recentes, é crucial para poder tomar as decisões certas na altura certa.

Em conclusão, acho que o mercado imobiliário de Portugal enfrenta obstáculos significativos, e necessita de uma abordagem multifacetada para mitigar os efeitos da falta da oferta e do aumento das taxas de juro bancárias.


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Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes