O estudo concluiu que cerca de 3.500 conhecem a língua, mas apenas 1.500 a falam regularmente, identificando uma rotura com este idioma, sobretudo nas gerações mais novas, através de uma "forte portugalização linguística", assente em particular na profusão dos meios de comunicação nas últimas décadas, e na identificação do mirandês com ruralidade e pobreza locais.

Esta é também, e de acordo com o docente universitário, a primeira vez que uma universidade espanhola edita um trabalho de investigação escrito em mirandês, com versão em português destinada ao público e a investigadores que tenham dificuldades de compreensão da segunda língua oficial em Portugal.

As conclusões do estudo, segundo a agência Lusa, apontam que a rotura com este idioma transmontano se dá "sobretudo nos nascidos entre 1960-1980", quando "se operou uma forte portugalização linguística", através "da imprensa, rádio, TV, escola e administração pública”.

“Mas o uso entre menores de 18 anos é só de 2%", indicou o especialista, acrescentando que a língua "só é utilizada em ambientes familiares e vizinhos nas freguesias do Norte do concelho de Miranda do Douro”.

Para os investigadores da UVigo, as medidas concretas tomadas até agora a favor do mirandês, como o ensino opcional ou o uso bilingue da Câmara local e de outros serviços públicos e privados, “foram um placebo para manter viva esta secular forma de falar”.

Outra das conclusões aponta que a introdução optativa do estudo da língua mirandesa nas escolas do concelho, limitada a uma hora por semana, não tem livros de texto, materiais pedagógicos, nem vagas próprias de professores especializados.

O estudo adianta que se a situação se mantiver, é possível que o idioma se perca no espaço de 30 anos.