Celeste Caeiro trabalhava no restaurante “Sir”, em Lisboa, que celebrava um ano da sua inauguração, precisamente no dia 25 de abril de 1974. Para celebrar o aniversário do restaurante, os proprietários decidiram oferecer um cravo às senhoras que tomassem uma refeição no local. Devido à revolução, os funcionários regressaram às suas casas e levaram consigo alguns cravos, pois não poderiam ser distribuídos pelas clientes.

No caminho para casa, Celeste apanhou o metro e fez o percurso do Rossio até ao Chiado, onde se deparou com tanques revolucionários. Celeste questionou a um dos soldados o que se estava a passar, e foi-lhe dito que os soldados seguiam em direção ao Carmo “para deter o Marcello Caetano”, num ato de revolução.


O mesmo soldado pediu um cigarro a Celeste Caeiro, que não tinha nada para oferecer além dos cravos que trazia. Assim, Celeste ofereceu um cravo ao soldado, que o meteu na ponta da espingarda. Após esse gesto, desde o Chiado até à Igreja dos Mártires, Celeste foi oferecendo cravos aos soldados, que os foram colocando nas espingardas, tornando-se hoje um símbolo da liberdade portuguesa.

Celeste Caeiro tem 90 anos e ainda se emociona quando fala sobre a Revolução dos Cravos, conforme revelou ao Diário de Notícias, numa entrevista que acabou por ser feita à sua neta.

Apesar da sua idade e da saúde debilitada, Celeste Caeiro ainda quer desfilar na Avenida da Liberdade, na celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.