Durante a manhã, o auditório da escola secundária da Lagoa tornou-se pequeno para todos os interessados em ouvir o antigo astronauta da NASA (Agência Espacial Norte Americana) John Olivas, que realizou dois voos espaciais, em que conduziu cinco caminhadas espaciais integradas nas missões do SpaceShuttle STS-117 e STS-128.

O norte-americano, que ingressou na NASA em 1998, recordou, num discurso inspirador, que desde criança gostava de olhar para as estrelas, acrescentando que os “seres humanos estão destinados a explorar”.

“O meu pai comprou-me um pequeno telescópio de 15 dólares. Lembro-me de pegar no telescópio e ir para o meu telhado à noite olhar para a lua e para as estrelas e de pensar para mim próprio: ‘uau estão seres humanos na lua’”, contou John Olivas, perante uma plateia de cerca de 100 estudantes, que não se acanhou em fazer várias perguntas.

O engenheiro mecânico de profissão reconheceu que “existem sempre barreiras” ao longo da vida, mas desafiou os estudantes a “trabalharem duro” para “ultrapassarem todos os obstáculos”.

“As barreiras para vocês encontrarem a vossa verdadeira paixão e desenvolverem as vossas habilidades são apenas vocês. É tudo mental. As barreiras estão lá e têm de viver com elas, mas não significa que não podem ultrapassá-las”, salientou.

John Olivas confidenciou que se sentiu “muito pequeno” quando observou a terra desde o espaço e percebeu o “muito que se desconhece” acerca do universo.

“Sentiu-se insignificante quando esteve no espaço?”, perguntou uma aluna.

“A experiência mostrou-me não o quanto insignificantes somos - e nós somos mesmo muito insignificantes no universo. Mas, pensem o quanto é que ainda há para aprender lá fora. É isso que eu adoro no espaço, o espaço é sobre a verdade, é sobre a razão de estarmos aqui e como estamos aqui”, retorquiu.

O antigo astronauta, que é consultor da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço, abordou ainda o “desafio” de manter viva uma tripulação numa viagem a Marte que “demorará entre sete e nove meses” e reforçou que “viajar no espaço não é só para engenheiros e cientistas”.

“O espaço é sobre engenharia e ciência, mas é sobre gestão, é sobre direito, é sobre arte, é sobre inspiração, é música. O espaço toca em todas as partes daquilo que somos como seres humanos”, disse.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, elogiou a “humildade” e a “disponibilidade” de John Olivas para “ajudar” a região e defendeu que o “universo é um enorme espaço de oportunidade”.

“Para a vossa geração e para o vosso futuro, um desenvolvimento sustentável é essencial para a sobrevivência humana no nosso planeta. Uma prudente prevenção das alterações climáticas e os seus efeitos, em pequenas ilhas e ao nível das águas do mar, é essencial para prevenir a nossa vivência em ilhas”, alertou, dirigindo-se aos alunos.

Esta sessão foi realizada no âmbito do projeto escolar “In IntheSearchoftheUncertain” que prevê a realização de 13 conferências ao longo do ano letivo e estabelecer o contacto entre os estudantes e a Estação Espacial Internacional.