A abertura do museu surge não só da paixão de João Diogo Ramos pela área, mas também da importância histórica que o computador Spectrum dos anos 80 tem em Portugal. Segundo o fundador do museu, o computador está na memória de gerações, e poderão ter sido “os primeiros computadores nas casas das pessoas”. O aparelho ganha ainda mais importância porque surgiu numa altura em que muitos lares em Portugal não tinham televisão, ou se as famílias tivessem uma só seriam transmitidos dois canais de televisão.

João Diogo Ramos considera-se um empresário, como tal, pensou que "esta história merecia ser homenageada", não só pelo gosto das pessoas pelo Spectrum mas também para dar a conhecer, a quem não conhece, um dispositivo que atravessou gerações e proporcionou boas memórias para muitas pessoas. Os materiais expostos são o resultado de uma vasta coleção de produtos da autoria do fundador do museu de Cantanhede. A falta de espaço na sua casa encaminhou-o para duas situações: ou começava a vender os materiais de coleção, ou encontrava um parceiro que o ajudasse a disponibilizar ao público tudo o que colecionava.

A cidade de Cantanhede foi escolhida, principalmente por motivos pessoais. João Diogo Ramos nasceu em Cantanhede e foi na cidade que passou a maior parte da sua vida. Escapar da centralização das duas metrópoles portuguesas era também um objetivo. Assim, Coimbra e Cantanhede seriam as duas cidades a considerar para a abertura do Museu Load ZX Spectrum. João Diogo Ramos contactou a Universidade de Coimbra que “tinha outras preocupações” e não deu a atenção esperada, mas com a Câmara Municipal de Cantanhede o projeto começou a tomar outro rumo.

Apesar da longa espera pela primeira reunião, foi avaliado o interesse do público para uma exposição definitiva que incidiu sobre o computador inglês e a sua história em Portugal. Foi então realizada uma exposição temporária que “atraiu milhares de pessoas” e diversos meios de comunicação. Após o sucesso da exposição, a autarquia cedeu o espaço de uma antiga escola para a montagem da exposição definitiva do Museu Load ZX Spectrum.

Quem visitar o museu terá muito o que explorar. O circuito está dividido em três espaços e “começa com uma secção dedicada a Clive Sinclair”, o criador do computador Spectrum. Esta secção acaba por ter uma ligação com o presente porque segundo disse João Diogo Ramos ao The Portugal News, dispositivos recentes como os smartphones utilizam materiais e técnicas da época da criação do Spectrum. Numa segunda secção, há a recriação de uma sala portuguesa dos anos 80 com vários elementos ligados à época, desde pinturas a aparelhos eletrónicos. Há uma sala cheia de televisores “com conteúdo de entrevista a Sinclair” e também há um “diagrama de linha do tempo com todos os computadores”. Quem visita o museu não só poderá observar o material exposto, mas também João Diogo Ramos permite que os visitantes utilizem os computadores disponíveis.

João Diogo Ramos pretende ampliar o espaço e acrescentar “uma sala de jogos adicional”, semelhante às salas de jogos dos anos 80 e acrescentar “coisas como realidade virtual”. Novas parcerias teriam de ser estabelecidas, principalmente com as escolas.

O museu é a segunda atração mais visitada de Cantanhede, recebendo cerca de 90 visitantes por mês.


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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos