Até esse dia o país viveu numa ditadura governada por António Salazar. O povo não era livre de expressar as suas opiniões, as mulheres não eram livres de votar ou de poderem viajar sem a autorização dos maridos, as crianças eram obrigadas a cantar o hino antes de começar as aulas, tudo o que saía na imprensa, rádio, televisão, espetáculos era revisto e oprimido, até um simples refrigerante americano não se conhecia, porque não era permitido.

Na madrugada do dia25 de Abril, um grupo de militares ex-combatentes nas guerras coloniais uniram-se e formaram o MFA (Movimento das Forças Armadas),ocuparam os estúdios da Rádio Clube Português e fizeram um comunicado à população.

Naquele momento usaram a forma de comunicar mais fácil, de modo a que chegasse a todos.Naquela altura, a rádio era o meio de comunicação mais transversal, comunicaram a toda a população que iam lutar para que o país fosse de novo uma democracia, para que voltasse a liberdade.

Apôs esse comunicado tocou “Grândola Vila Morena” (canção de José Afonso) e uma coluna militar saiu de Santarém com direção a Lisboa. Assim que o comunicado saiu, a população começou a juntar-se no centro da capital aliando-se assim aos militares e o que tinha como objetivo ser um golpe de estado, rapidamente passou para uma verdadeira revolução.

Foi uma revolução pacifica, sem que os militares tivessem de recorrer à força, não houve mortos nem violência. O povo contente com a passividade ofereceu cravos aos militares e estes colocaram-nos nos canos das armas. Uma revolução que em vez de balas e desacatos, havia flores por todo o lado, símbolo do renascer da liberdade de um povo.

Num país que era comandado pela ditadura não eram só as mulheres que eram oprimidas, os trabalhadores tinham poucos direitos, os patrões eram soberanos e as leis só defendiam quem tinha poder.

Este descontentamento por parte dos trabalhadores começou um pouco antes da Revolução dos Cravos. Uma vez que a tropa era obrigatória para todos os homens com mais de 18 anos e estando o país a combater na Guerra Colonial, muitos homens decidiram emigrar para poderem fugir à Guerra. Deste modo, começou a haver escassez de mão de obra nas fábricas o que era um problema para os que ficavam, pois o trabalho era dividido por menos pessoas, logo obrigava a mais horas de trabalho, muitas das vezes horas em excesso e desumanas. Com o aumento da inflação os preços chegaram a valores muito elevados e a qualidade de vida dos portugueses baixou significativamente, até porque os salários permaneciam iguais e os preços muito mais caros.

Estes foram efetivamente os dois grandes fatores para o grande descontentamento da classe operária em Portugal. Exigiam um aumento dos ordenados e a redução das horas trabalhadas, mas como sabemos, vivíamos numa ditadura e as greves e manifestações eram proibidas.


Tal como em Portugal, o mundo inteiro lutava pelo direitos dos trabalhadores. No dia 1 de maio de 1886, as ruas de Chicago receberam a primeira manifestação dos operários, reunindo 500 mil trabalhadores nos Estados Unidos.

Em França fez-se uma manifestação em homenagem à luta feita no ano anterior. Estes foram dois atos históricos que transformaram o1 de maiono Dia do Trabalhador.Até 1886, os trabalhadores não pensavam em exigir os seus direitos, apenas trabalhavam e obedeciam.

Com a reconquista da liberdade em Portugal, depois do25 de abrilos líderes políticos da oposição voltaram do exílio para o seu país e uma semana depois do dia 25 de Abril de 1974 festejou-se pela primeira vez o1 de Maiocomo feriado nacional.

Para mim, estas duas datas são de tamanha importância porque privilegio a liberdade, o poder de decisão, o poder de ter opinião, de falar, de pensar por mim própria.

Por isso, faço questão de utilizar estes dois dias como reflexão, para analisar a sorte que temos em vivermos num país livre, embora com muitas coisas a melhorar, onde cada um pode pensar por si, onde posso escolher quem governa o meu país, onde posso dar a minha opinião sobre o que quiser.

É importante que esta nova geração nunca se esqueça o que os seus antepassados fizeram por eles, o quanto lutaram, o quanto corajosos foram em dar o “o corpo à balas” por um povo.

É verdade que no meio de tudo isto existia algumas coisas “boas” nesses tempos. Havia uma maior educação e um respeito pelo outro de forma diferente. Esta nova geração, tem nas mãos e nos corações a capacidade e a sabedoria para aliar a liberdade à responsabilidade, para olhar para trás e para a frente e traçar um novo caminho, onde possam unir o melhor de dois mundos.


por Claudia Ferreira - - Casaiberia Mediação Imobiliária, Lda


Author

Cláudia Ferreira, who holds a degree in Communication Sciences from Universidade Autónoma de Lisboa, is currently serving as the assistant director and commercial representative at Casaiberia.

Claudia Ferreira