No nosso país são acolhidos e integram-se com facilidade. Porque somos “Os Portugueses”, conhecidos como “Os Campeões do mundo em questões de hóspedes”, porque não é preciso falar português para se sentirem em casa pois, em cada esquina, existe um português que fala a mesma língua. E se não fala, de certeza que vai arranjar quem o faça. Coisa que não acontece em nenhum outro país do mundo.

Imaginas-te com os teus filhos em Paris e ao teu lado estão a falar em português? Sim isso acontece, já em Charlotte, Boston ou Nova Iorque será mais difícil.

Portugal é o país da União Europeia mais próximo dos Estados Unidos e é o país que pela história mais tem dado apoio à democracia e independência dos Estados Unidos. As relações bilaterais datam dos primeiros anos dos Estados Unidos da América. A seguir à Guerra da Independência dos EUA, Portugal foi o primeiro país neutro a reconhecer os Estados Unidos.

Por isso e por muitas mais razões, americanos e outros imigrantes escolhem o nosso país para viver. Algo que nos temos de habituar e aceitar pois nos anos 60 e 70 e muito depois disso fomos nós que imigrámos em busca de uma melhor qualidade de vida para países vizinhos e além-fronteiras. Isto fez com que a nossa diáspora hoje tenha tantos portugueses muito bem qualificados e com salários muito acima da média dos locais espalhado pelo mundo. Já são 10 milhões de portugueses nesta situação, tantos como vivem em Portugal, e eu já fui um deles.

Fala-se muito dos valores de renda na capital do país e de outros centros urbanos como Porto, Braga, Coimbra, Faro entre outros, por via de ordenados precários e insuficientes para pagar as mesmas.

Fala-se muito da especulação imobiliária, mas eu lembro-me bem quando cheguei em 2004 como estava Lisboa e o Porto. Gostava que as pessoas e em especial os políticos portugueses se lembrassem disso.

Lisboa deixou de ser acessível para as pessoas que vivem e trabalham neste país”, é o que se ouve em todas as notícias hoje em dia. Esta frase ficou-me na mente. E pergunto-me quem é a pessoa que pode viver no centro de uma capital com um vencimento normal? Ninguém. Porque esta realidade já acontece há muitos anos em Paris, Berlim e outras capitais.

Os norte-americanos e outros que estão a querer vir viver para Portugal também passam pelo mesmo nos seus países de origem. Este é um fenómeno mundial. Ou acham que o preço por m2 em Nova Yorque é o mesmo que em New Jersey? Perguntem há comunidade portuguesa que lá vive.

Dai que nos temos de questionar quais foram as razões do passado que tanto motivaram os estrangeiros olharem para Portugal, Espanha, Grécia e outros países do Sul como zonas de prior interesse de investimento. É preciso olhara para o tempo da troika quando em Portugal necessitávamos capital de investimento estrangeiro e a Grécia entrou em colapso financeiro. Foi aí que começamos a ser criativos e progressivos na criação dos tais incentivos fiscais que ainda hoje estão em vigor e que fizerem que muitas empresas, particulares e investidores estrangeiros tenham descoberto o nosso país como um destino de terra fértil para o seu dinheiro e os seus negócios.

O americano que aqui em Portugal cria as suas raízes abraça um estilo de vida onde o clima é agradável, os almoços são demorados e consegue orientar-se com aplicativos de tradução e uma mão cheia de frases, mas eles esforçam-se para aprender o português nem que seja para entrarem no moto clube da cidade com a sua Indian ou Harley-Davidson para dar umas voltas com os locais.

Em Portugal ao contrário de outros países, ainda se pode passear na rua nas noites de domingo, com restaurantes, cafés e lojas abertas.

A Califórnia é muito cara e Chicago por exemplo é uma cidade muito fria. Depois de viver na Europa, qual é o americano que imagina ter de abandonar o estilo de vida mediterrânico e a riqueza cultural que passou a ter e valorizar no sul da Europa. E porquê voltar? Se aqui toda a minha gente fala inglês?

Até à data só se falava do visto Gold como opção de entrada a longo prazo em Portugal e no espaço Schengen. Esses mitos têm de ter fim e nós como mediadores tivemos culpa nessa perceção porque só estávamos interessados na venda de imóveis e não no esclarecimento das opções. Este programa de residência disponível em vários países europeus que dá aos compradores autorização de residência a troco de um investimento financeiro avultado em imóveis, deve ser canalizado para o que se necessita. A incerteza criada em volta dos vistos e das casas devolutas e a sua desapropriação estão em todas as notícias internacionais e não ajudam o país nem o seu problema da habitação.


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Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes