O Governo anunciou, no passado dia 17, medidas de combate à seca no Algarve que passam pela redução e cortes de água, nomeadamente nos sectores doméstico, turístico e agrícola.


A seca, a escassez e a disponibilidade hídrica da região são problemas que têm vindo a agravar-se nos últimos anos. A obrigação de se assegurar uma gestão e utilização eficiente da água, aumentando a resiliência do setor não pode ser adiada, sobretudo se tivermos presente que esta é uma região que perde mais de 2800 litros de água por ramal e por dia. Merece, pois, especial atenção o caso da região do Algarve que, como é público, atravessa a pior seca de sempre, com níveis baixíssimos das reservas das albufeiras e nas águas subterrâneas.

Perante a situação preocupante que se vive e que prejudica os consumidores algarvios, a DECO relembra a posição que tem vindo a defender, enquanto representante de todos os cidadãos, e que não foi ouvida:


Face aos dados divulgados pela ERSAR no Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), relativos a 2021, de que 28,7% do total de água captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída no sistema de abastecimento de águas em baixa do país não chega a ser faturada, porque se perde, não se mede, é usada sem autorização ou é autorizada, mas não faturada, a DECO manifestou, e mantem, algumas preocupações:

• Qual será a disponibilidade de água potável para os consumidores durante períodos de seca e como tal poderá afetar o abastecimento de água doméstica?

• De que forma a escassez de água e os esforços para gerir a seca podem afetar as tarifas de água para os consumidores?

• Que restrições ao uso de água podem ser impostas durante períodos de seca e como essas restrições afetarão os consumidores?

• Com o preço da água a aumentar, tornar-se-á a pobreza hídrica uma realidade? Será que devemos começar a equacionar um cenário em que algumas famílias terão dificuldade em aceder à quantidade de água suficiente para cobrir as utilizações pessoais e domésticas, que incluem a água para beber, lavar roupa, preparar alimentos e para a higiene pessoal e da habitação, por não terem como a pagar?


Que futuro para os consumidores?


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), são necessários entre 50 a 100 litros de água por pessoa, por dia, para assegurar a satisfação das necessidades mais básicas e a minimização dos problemas de saúde.